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Martin Heidegger e a Previdência Privada: investimentos como projeto de existência

Martin Heidegger chama de Dasein o ser humano entendido como “ser-aí”, ou seja, aquele que está lançado no mundo e precisa lidar com sua existência. Diferentemente de coisas ou objetos (que simplesmente “estão”), o Dasein existe: ele não é estático, mas se constitui na abertura para possibilidades. Ele lembra, também, que existir é projetar-se no tempo, assumir riscos e abrir-se a possibilidades. Essa perspectiva filosófica ilumina um dos grandes desafios da previdência privada: a busca por equilíbrio entre segurança e inovação no campo dos investimentos.

Ao tratar do futuro, Heidegger fala do ser-para-o-porvir, uma dimensão que não pode ser ignorada. Do mesmo modo, os gestores das entidades de previdência privada precisam considerar horizontes de longo prazo em suas decisões de alocação. Os investimentos alternativos — como infraestrutura, private equity e ativos ligados à transição energética, por exemplo — tornam-se expressões desse “projeto de futuro”, pois sinalizam possibilidades que vão além do imediato.

Os investimentos na Previdência Privada não são apenas resultado, guardando, na verdade, o projeto existencial da comunidade protegida. A prudência deve conviver com a abertura à inovação.

A Previdência Privada, assim, pode ser vista como um espaço onde o pensamento de Heidegger ganha concretude: a gestão de investimentos como projeto de existência coletiva, em que risco e segurança se entrelaçam para garantir não apenas rendimentos, mas também sentido.

Heidegger nos lembra que o ser humano não é estático: existir é estar sempre em movimento, aberto ao futuro e às possibilidades. Somos seres de projeto — vivemos não apenas pelo que somos hoje, mas pelo que podemos vir a ser. Na previdência privada, isso ganha um sentido especial. Investir é projetar: cada decisão não se esgota no presente, mas constrói o amanhã de milhares de pessoas.