O filósofo sul-coreano Byung-Chul Han, em obras como Sociedade do Cansaço (2015) e A Sociedade da Transparência (2017), descreve um mundo marcado pelo excesso de positividade, desempenho e transparência, que, paradoxalmente, gera exaustão e falta de confiança. Essa reflexão pode iluminar os caminhos da previdência privada brasileira, especialmente no desafio de fomentar alternativas sustentáveis para o setor.
Ele nos mostra, também, que se vive na “sociedade do desempenho”, marcada pela autoexploração e pela precarização das relações de trabalho (Sociedade do Cansaço, 2015). A ascensão da denominada gig economy, do trabalho flexível e da instabilidade profissional fragiliza também o financiamento previdenciário de longo prazo.
Nesse cenário, a previdência privada precisa se reinventar: criar alternativas de fomento que dialoguem com a nova realidade laboral — com maior flexibilização para a portabilidade e para os regimes contributivos, propiciando investimentos que deem sentido coletivo à poupança.
Como, ainda, alerta Han em Psicopolítica (2018), “a liberdade se converte em coação”, e isso se reflete nos desafios previdenciários: é urgente pensar mecanismos que unam segurança social, inovação e confiança para além da lógica do cansaço.
A previdência complementar precisa oferecer mais do que acúmulo de reservas: deve projetar sentido coletivo — proteção na velhice, solidariedade intergeracional e incentivo à poupança de longo prazo. Assim como Byung-Chul Han denuncia os paradoxos da sociedade contemporânea, a previdência privada precisa superá-los, abrindo espaço para confiança, inovação e sentido coletivo.